terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
ABERTURA DE UM BEIJO
*- "O teatro e o mundo da ilusão verdadeira"
Nesse pintado cenário evoco os bichos das montanhas
Sinto um vulcão no estômago
Meus braços cor de lua passam as vistas no teto liso
A coroa de folhas ilumina a vadiagem dos pensamentos
Nesse teatro antigo vestido numa saia de pó,
com a floresta no palco
vislumbro a ação no olhar
Tenho o rosto móvel como nuvens,
emprestei a alma ao sobrenatural
Monstros dançam em cena
Inesperados mitos nascem
Sinais de alegorias me levam
em feixes doirados ao planeta Mercúrio
A musica das esferas me pertuba as vísceras
mediante a um suspiro ao pé e do ouvido
*- Antonan Artaud
TEMPESTADE DE GUITARRAS XV & IX
E o profeta veste o colete de pele de dragão cozida
com fios d’oiros
pega o talismã azul-esverdeado e liga a tv
Rosna o telefone ao berro da porta
Sinal ocupado e um vento sabe-se,
senhores deuses, de onde?
Minhas videiras estão abarrotadas
Uvas próprias para um vinho sagrado
Uvas moscatéis
Entrada do pomar
Alem das videiras, maracujás tão meigos
Esse é o perfume que sinto durante minhas meditações
Penso na balada do radio
e vejo um homem coberto de plumas
vagueando entre as linhas dos pés
Lhes falo:
Sei coisas do mundo soberano de ser dos seres,
a ótica ienexata das virtudes
EM LÓTUS
A mão segura o parafuso que pula no toco oco:
balada de saxofone
Em 950 meus pés batiam o barro no sul da Austrália,
hoje sei,
ultrapasso 2003 nadando
A águia das sete lentes toca harpa
em meus pentelhos enquanto mastigo o germe da claridade
Que a chuva das alquimias inundem as gavetas do meu pó!
Gauleses cultuadores de ervas vasculham a baia na galera
do capitão de íris celeste
Esqueceu as ruínas o Rei Lagarto
E devou o verão
E bebeu o verão
Que todas as Áfricas se afoguem no sol sem cais!
Minha visinha Edna Laranja trouxe a chave do saleiro,
agora temperarei a macarronada de my boquinha
Macarrão, comida fácil de preparar,
tendo bom espírito e um pouco de atenção, não queima
Canso de esquecer panelas tostando,
gosto de arroz torradinho com um pouco de chá
Quisera o mundo possuir as bugingangas desse apartamento
Violão de cordas brancas onde fabrico alguns calos
O telefone Ericson, menino simpático
Marita, a vassoura dos grandes vôos desnudos
O ventilador cineasta...escreveu o roteiro
e escolheu a nossa sala para as suas tomadas
Ritinha, o raminho de bertalha saliente,
o dnado estica a cada segundo
e se agarra sensualmente aos galhos da jibóia
Tenho boa parte dos livros salvos de um incêndio,
entrei no prédio e sai antes de Nero
Meu cachimbo da paz descança
sobre a agenda de telefones
Ao lado da borracha verde-perereca,
a tesoura Doroteia aguarda a chegada do sir Silêncio
Manhas que não saio desse apartamento
Estou entorpecido de blues rocks,
buzinas e rosa beijos
Preciso subir na Torre da Vitória
A Princesa da Esfinge escalda os pés
nas areias do meu deserto
Peixes secos e mariscos quebrados
adornam aquele canto de praia,
o calvário
Estou de passagens compradas,
em menos de dez gritos
estarei entre os seios da Princesa
A fornalha esconde a sombra e liberta as miragens
Princesa, a sombra é a mão da Esfinge
Vinte e duas laminas coloridas manobram-se nas ondas do pano,
fatias e mais fatias de silencio demoronam-se na mesa
O louco pegou as vinte e duas letras hebraicas,
dividiu em três, mastigou bem devagar os montinhos
Princesa, o nosso Monte Sinai
cospe pedras negras e no tapete engolimos pelos
" a serpente era de ouro baço, vitria & enroscada",
cuspi todos os cromossomas
entre seus trilhões de lábios línguas de setas
( E aquela gosma descendo pela garganta... )
Princesa, fiz ponta no lápis,
hei de rabiscar suas escamas
Na barriga da noite
ouviremos o Galo Celestial e já será dia
Nos banharemos nos confins do oceano
Ave da aurora,
a serpente sumiu na água
Preparei um jantar especial,
João, vê se te lembra do estomago
As cenouras são colhidas aqui mesmo no apê
O feijão importei de Teresina,
plantação particular, coisa da gente
Se não fosse o defeito no forno,
teríamos bolo de rosas brancas
O doce de jaca ficou deslumbrante
com canela em pau e cravos da Índia
Comprei algumas cordas de violão na "Guitarra de Prata"
Rua da Carioca, o inicio da odisséia
Nem mesmo acabei de entrar no táxi,
uma mão estendeu-se sobre o para-brisas;
caduquei comigo, "será o aviso?" E era o aviso!
-Seu motorista, toca pra China!
Na China dei de cara com as aragens fugitivas da Patagônia,
não me preocupei com a previsão do tempo
Uma voz estridente me indagou "o que veio fazer na China?"
E o que importa?
Um cha, casa de banho e o santuário do ópio
Pequim fica perto do umbigo, o centro da cidade
Princesa, vamos arranjar duas sombrinhas
e escorregar nas avenidas do I Ching
Acabei de avistar o fundo da pirâmide invertida,
o Mestre mora no vórtice dos triângulos,
ele também conhecer a serpente
Princesa, passarei o cordão de nêutrons
em volta de nossos pescoços
Sou o homem de cristal,
adorada Frida dos Andes;
a morte dorme no beliche de cima
e você aproveita os ciclones para dançar
Ao tentar entender os passo do Eremita,
a lama do pântano multiplica os micro-organismos,
a decomposição renova o humo
Fertilidade, a perfeita aparição dos Orixás
Mantos encarnados e fitas compridas
misturam-se aos vegetais
A perna da minha casa prendeu-se
nas engrenagens do elevador e rasgou-se
Prefiro abrir o peito
em meio ao lodo da lagoa e entranhar-se
Movediços atoleiros,
o grande Hotel de Bagdá fervilha
Até e mesmo o ultimo acorde dissonante
embarca no sorriso da pintura ardente
Nem todos os batons conseguiriam aquarelar
o sorriso anos-luz
envolvente de teus lábios,
o cosmo em gotas movediças
Daniel,
tenho casulos de sedas entreabertos ao nosso dispor
pretendo mexer no tear sem rota
e numa translação absoluta criar
o xale de hits
Das fendas do meu bastão de chocolate
lanço um agudo rompedor,
o trovão imaginário
E a tempestade de guitarras esburaca
distribuindo crateras aos solos flácidos
Pirilampos que já não decolam asas
são esmagados no vidro fumê
Alo! Alo! Teatro com pipoca,
meu bom pastor poeta!
Sou o menestrel filho da três letras mães,
o horizonte do além-mundo
Ao primeiro soar de flauta
me encontrarei nos cilindros
do abdômen de minha ama
O luar de varanda nos promete
um eclipse crescente
Dormiremos voltados para o leste
Ventre, ventre, ninho forrado de néctar
A mãe rainha abelha beija o óvulo
untada em perfume frutal
Eu abelhinha encontro o cheiro da luz
e me arrasto até os lábios carnudos
quase com vontade
Borges,
no quarto da semiluz descongelo o rosto
e cravo os dentes no busto da parede
Percebo o engrolado de vozes que vazam ante as fendas
Trato de descer a escada
agarrado nas três pétalas da flor de lís,
o meu plano fechado
Estou do outro lado da parede, sacerdote do breu,
nem mesmo de olhos alargados não,
não consigo sugar a aura das sementes de dragão
Melhor embarcar no helicóptero da antiguidade do Gita
e parir na atmosfera das aves de fumaça
As minhas orelhas azuis estão cheias de nanquim
O rastro de tinta magnetiza
as nuvens e escurece hélios
O espírito noturno retorna,
o véu veludo desmorona sobre o corpo tênue da Terra
no quarto da semiluz descongelo o rosto
e cravo os dentes no busto da parede
Percebo o engrolado de vozes que vazam ante as fendas
Trato de descer a escada
agarrado nas três pétalas da flor de lís,
o meu plano fechado
Estou do outro lado da parede, sacerdote do breu,
nem mesmo de olhos alargados não,
não consigo sugar a aura das sementes de dragão
Melhor embarcar no helicóptero da antiguidade do Gita
e parir na atmosfera das aves de fumaça
As minhas orelhas azuis estão cheias de nanquim
O rastro de tinta magnetiza
as nuvens e escurece hélios
O espírito noturno retorna,
o véu veludo desmorona sobre o corpo tênue da Terra
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